Proxxima

Morse News

E-Wallet aberta

Published

on

Dia dos Pagamentos

Se você precisou pagar por compras no mercado, serviços em casa ou até um objeto levemente inútil (mas muito precioso) nos últimos meses, você provavelmente entrou em contato com as carteiras digitais. Isso porque 12% das compras online feitas no Brasil passaram por elas. Offline elas têm ganhado cada vez mais espaço, graças aos QR Codes e ao NFC. Afinal, que negócio é esse que une Google, Apple, Magalu, Samsung e Starbucks? E para onde ele está indo?

Cofrinho x Carteira

Antes, uma explicação. Ok, talvez duas. Mas muita gente se confunde: uma carteira digital, ou e-wallet, é um local digital onde o usuário guarda os meios de pagamento, como cartões de crédito, débito ou até mesmo um pré-pago, e consegue fazer pagamentos. Os pagamentos são feitos de forma digital, pense no PayPal ou no MercadoPago; mas não significa que são apenas pagamentos online, porque quando falamos de Mobile Wallets (ou seja, carteiras digitais móveis), há tecnologias que permitem o pagamento no mundo físico, aqui os exemplos são o Apple Pay, a Samsung Pay… Alguns formatos tem cara de wallet, tem gosto de wallet, mas não são wallets. Como é o caso dos serviços de “pagamento invisível” do Uber e o botão “clique para comprar” da Amazon que apesar de armazenarem seus cartões, fazem isso apenas para transações em seus próprios ecossistemas. Agora, o Starbucks Pay, ou mesmo a Amazon Pay no caso a solução Go, são considerados como wallet já que estão levando suas soluções para outras empresas além delas mesmas, como já falamos por aqui. Ah, falando nas explicações, existe uma diferença entre conta digital e carteiras digitais: a primeira depende de um serviço bancário; a segunda, não exatamente. Simplificando ainda mais: a conta digital é o cofrinho, e a carteira digital é, bem, a carteira. Você não sai com o cofrinho por aí quando quer pagar algo, sai com a carteira. E, se quer guardar o dinheiro, a preferência vai para o cofrinho – mas alguns preferem deixar na carteira…

E a grana?

Mesmo sendo um negócio específico, é bem disputado! Só no Brasil, a estimativa é que existam mais de 600 wallets digitais e, essa pesquisa foi feita no começo da pandemia: 61% dos usuários de smartphone no Brasil afirmaram usar pelo menos uma dessas ferramentas de pagamento digital! Com isso, a estimativa é de que, até 2025, as mobile wallets terão 4,4 bilhões de usuários ativos únicos no mundo – e que, até 2026, esse mercado atinja o valor de US$ 350 bilhões! Ou seja, é uma boa grana. Mas como as ferramentas conseguem levantar dinheiro? A resposta está na capilaridade e no tamanho da base. A maioria das wallets se monetiza taxando, de alguma forma, as transações. No caso da Apple Pay, ela fica com 0,15% de cada pagamento feito usando a solução. Além disso, há a tarifa que eles coletam dos bancos, que permitem os cartões ali na plataforma. Algumas cobram taxas dos usuários a partir de um certo valor de transações, como é o caso do PicPay. O PicPay tem uma série de taxas que são cobradas se o usuário ultrapassar os R$ 800 de transação por mês em cartões de crédito, existem também taxas por transações feitas no boleto. Existem wallets que cobram apenas de quem está presente em seu marketplace ou oferecem vantagens para o uso em seu espaço – caso da Ame Digital, da B2W. Ainda há a possibilidade de monetizar via dados de transações – como é o caso da Google Pay indiana, que passou a avisar os usuários de que irá usar as informações transacionais como uma forma de personalizar a experiência do app.

Wallet to commerce

Sim, porque os dados são o real valor das wallets. Essencialmente, toda compra feita nesse meio vale como uma compra “logada” ou rastreável. O que significa que, para quem não é do e-commerce, tem um incentivo para virar comércio. Não é à toa que é um movimento que já está acontecendo. O Google mesmo tem acertado formas de transformar o Google Pay em um portal de e-commerce. As fintechs brasileiras não ficam fora dessa: o banco Inter criou um marketplace ligado à sua wallet e, só no ano passado, essa área somou R$ 1 bilhão em vendas. O PicPay também está na corrida para criar um marketplace de produtos (só que financeiros) ligados à sua carteira digital. A ideia é perto do que já falamos por aqui de aproveitar o tempo do usuário ali naquele espaço – e também aproveitar os dados de comportamento transacional dele – para oferecer uma venda no momento mais próximo da compra. O equivalente digital àquela ilha de doces no final da fila dos supermercados, sabe?!

Commerce to wallet

Essa avenida é literalmente de 2 vias, pois, se para as wallets ter o seu e-commerce é uma forma de potencializar sua base de usuários e dados, o contrário também se torna relevante. Para um Commerce, seja físico ou seja digital, virar uma wallet permite entender o comportamento de compras de seus clientes mesmo quando a compra é realizada fora de seus ambientes, e isso vocês podem imaginar o valor estratégico que agrega. O movimento já acontece fortemente aqui no Brasil: empresas que começaram no e-commerce e perceberam que a wallet é o espaço mais natural de se estar. MercadoLivre, Ame Digital (da B2W) e a Magalu Pagamentos. A última, inclusive, tem sido o foco das muitas aquisições que a Magalu fez nos últimos meses! Novamente frisamos aqui como o dado vindo do transacional tem poder! E, pensando aqui em transações captadas no mundo offline que tanto a B2W quanto a Magalu têm investido em expandir suas soluções para lojas físicas, fazendo o wallet como um dos pontos de intersecção do phygital. Ajudou que, durante os últimos meses, os QR Codes se popularizaram nas lives (a PicPay que o diga), destravando a estrada entre o on e o off no mundo dos pagamentos digitais. Você lembra do dado que demos lá em cima, sobre 2025? Então, é esperado que 45% dos pagamentos com mobile wallets feitos até lá passem pelos Codes. Então, não estranhe se mais redes varejistas entrarem nesse segmento – inclusive, influenciadas por startups que criam carteiras digitais white label, como é o caso da Swap…

Service-wallet

Aí, para deixar a equação ainda mais complicada, entram os serviços como operadoras, iFood e 99, que também estão apostando nas suas wallets. A Oi lançou a conta digital em conjunto com a ContaZap há algumas semanas. A 99 lançou a 99Pay no ano passado, com possibilidades não apenas para comprar dentro do app, mas para ter uma conta digital com rendimentos (como o PicPay). A expectativa deles é que a base de usuários da 99 no Brasil dê o empurrão de crescimento que eles precisam para estar no top 3 do mercado brasieiro. A discussão aqui pode ir além, já que, quando falamos de mobile, todos os apps de wallet disputam contra os fabricantes – Google, Apple e Samsung. Fabricantes esses que ganham em escala, uma vez que já colocam as suas carteiras conectadas ao device e às características do hardware. Imagine só o poder de uma Google Pay, sabendo que o Android está em mais de 3 bilhões de devices pelo mundo. Como fica para um aplicativo como a 99 ou a iFood entrar nesse campo? A resposta está na Starbucks, que comentamos lá em cima. O sistema deles fez tanto sucesso que, durante um tempo, foi responsável por mais de 20% das transações em mobile wallet nos Estados Unidos, isso porque eles davam rewards e havia uma aplicação muito prática para a forma que se usava a wallet: você ganhava desconto no café, pontos para “furar a fila” e até a certeza de que o barista saberia qual a sua bebida favorita sem você precisar falar dela.

Nem tudo que é Finance é App

Demos aqui vários exemplos de operações financeiras pautadas em Apps, mas esse está longe de ser o único canal para se gerenciar, e até mesmo abrir, uma conta digital. Com o open banking e o avanço dos serviços de APIs, que permitem conectar serviços distintos, é possível hoje fazer banking via outros canais, como por exemplo via messaging. Esse é o exemplo da Conta Zap, que criou a primeira solução que permite que você abra uma conta via WhatsApp de forma tão simples quanto conversar com um amigo, fazendo tudo via troca de mensagens e sem ter que baixar nenhum app e nem abrir uma única página no navegador.

Digital, Local e Social

O potencial de crescimento das carteiras e contas digitais no Brasil é gigantesco, principalmente sabendo do tamanho da população ainda não bancarizada e entendendo que essas ferramentas podem facilitar muito esse onboard. E não são apenas as pessoas que podem ser beneficiadas nesse processo, mas também as empresas, e aqui não estamos falando apenas das grandes, mas também dos pequenos produtores locais. Com o avanço dos grandes marketplaces, com logística cada vez mais eficiente, possibilitando que os grandes fornecedores, com escala para preços mais agressivos, cheguem com ofertas super agressivas em diversos locais, os arranjos produtivos locais começam a ser desafiados e isso pode virar um grande problema para algumas regiões já que você pode começar a fazer por exemplo o seu supermercado pelo Mercado Livre e não mais pelo mercado local. Para ajudar nesse novo desafio, a Conta Zap está utilizando justamente o dinheiro digital, e os dados, para criar versões de Marketplaces com foco em Produtores e Empreendimentos locais. Em parceria com Prefeituras e entidades locais, a tecnologia permite criar esses ambientes de dinheiro digital com foco nos negócios da região, como contou Roberto Marinho, fundador e CEO do Conta Zap em exclusividade para o Morse, e que estará em nosso próximo MorseCast de quinta-feira que vem. Afinal, um tema tão rico como esse não podia acabar só em uma newsletter, né?!

Continue Reading
Advertisement Proxxima

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Trending

Copyright © 2021 Morse News