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Um Giphy vale mais que 1 mil palavras!

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A compra do Giphy pelo Facebook por US$ 400 milhões está ainda, sendo a notícia mais impactante dos últimos dias no mercado de tecnologia – e no de mídia também. A gente não poderia deixar de ir atrás de Alex Chung, cofundador e CEO do Giphy para o Ghost Interview desta semana. Afinal, um gif pode valer mais do que muitas palavras, mas não consegue superar o poder de uma Ghost Interview completa!

Se você está ligado no Morse há um tempinho (e se você estiver, hey, muito obrigado!), sabe que já falamos sobre o Giphy. Mais precisamente em novembro de 2018 . Isso sem contar que, bem, Gifs são meio que parte do nosso dia a dia e a gente até ESTÁ no Giphy 😉 De qualquer forma, Chung conseguiu transformar o meio em não só uma forma alternativa ao vídeo, como também uma fonte inesgotável de dados e insights. E é aí, amigos, que mora o ouro. Dá um look:

MORSE: Alex, conta para a gente como começou o Giphy e em quem vocês se espelharam desde o começo?

Alex Chung: No começo [em 2013], era só uma ideia desafiadora, eu e meus amigos chegamos a essa dúvida se a gente conseguiria encontrar gifs na internet. Era para ser um projeto divertido entre nós. Depois que nós lançamos, olhamos para os dados, e descobrimos que os gifs estavam num “limbo” dos buscadores, por causa disso, vimos que as pessoas pesquisando por gifs estavam compartilhando com os outros.

E, no começo, eu só mandei a plataforma para os nossos amigos porque era para ser o nosso “jeito secreto” de achar gifs e mandar para os outros. Mas aí alguém desse grupo mandou para uma publicação. No primeiro dia, a gente já ficou muito popular.

O pico na primeira semana foi por volta de 1 milhão de usuários, depois nivelou para 300 mil nas semanas seguintes. Então a gente sabia que tinha algo importante nas mãos, mas a gente não sabia o quanto era por causa do comportamento viral e o quanto era vindo de pessoas que, de fato, queriam usar a plataforma.

O Google sempre foi o nosso competidor e nossa inspiração. Uma das coisas que nos fez montar a estrutura da plataforma foi nos questionar por que as pessoas não pesquisavam gifs no Google. Descobrirmos que os gifs estavam mais ligados a expressões e a verbos, coisas que não eram pesquisadas no Google.

Fonte: Entrevista ao Digital Trends em 28 de abril de 2019

Alex Chung: Nosso objetivo desde o começo foi ver se a gente conseguia competir com o Google na área de pesquisa. O que a gente fez não foi organizar as informações do mundo, mas organizamos as expressões e a cultura pop. Agora, quase oito anos depois, nós somos a segunda maior plataforma de busca no mundo. 

Fonte: Apresentação no evento WCIT 2019, reportado pelo site New Atlas em 9 de outubro de 2019

MORSE: Assim como o Google, vocês também migraram para o modelo de negócio utilizando buscas pagas. Queríamos saber dois pontos sobre isso: o primeiro é qual foi o pitch para as marcas? O segundo, quais tipos de dados vocês passaram a dar em troca?

Alex Chung: Mais de 80% do mercado de ads digitais é controlado pelo Google e pelo Facebook. O resto dos 20% é disputado por outros como Snapchat, Pinterest e Twitter. Enquanto eles competem por performance, a gente acaba indo para o lado de marketing para as marcas.

Empresas como a Coca-Cola e o McDonald’s não estão indo atrás de cliques, eles estão tentando criar experiências de suas marcas e estão tentando passar a mensagem das marcas para os usuários. É aí que o Giphy entra.

É fenomenal pensar no tipo de uso dos gifs por parte dos usuários. Nós analisamos e vemos tendências diferentes. O Giphy é bem ‘data-intensive’. Uma das coisas que descobrimos é que existem comportamentos diferentes em países diferentes. Na Ásia, por exemplo, a Índia vê uma alta de procura por ideias de gifs de “bom dia” todas as manhãs; na Coreia do Sul, isso não acontece. Talvez os coreanos não gostem de dizer “bom dia” como os indianos…

Fonte: Entrevista ao TechWire Asia em 11 de julho de 2019

Alex Chung: Nós temos um bom sistema de tracking para saber para onde os gifs estão indo e como eles estão sendo usados. Em outras redes, nós sabemos o que os usuários estão buscando e quais gifs eles estão indo atrás. No futuro, nós vemos que isso pode ser usado. Nós, de fato, temos informações dos usuários e sobre seus padrões de busca.

Fonte: Entrevista ao Techcrunch 9 de maio de 2016

MORSE: Para muitos, o Giphy é só um site, mas a gente sabe que vocês optaram por migrar para fazer APIs para o teclado de celulares, o que abriu um espaço enorme para o Giphy dentro das mensagens e de outros tipos de forma de postagem. Como foi esse plano?

Alex Chung: Nós tínhamos um plano de colocar botões de gifs em todas as redes sociais. Um dos nossos primeiros targets foi o Facebook, parte por causa do tamanho da rede e em parte porque a gente sabia que seria um marco importante estar no Facebook. Mas, em 2014, o Facebook não permitiu e disse que não apoiaria o formato. Demos um jeito de deixar com que os gifs fossem usados nas postagens sem violar as regras do Facebook. Eventualmente, eles abraçaram o formato oficial, tanto que, dois anos depois disso, nós estávamos no palco no F8, mostrando Mark Zuckerberg enviar gifs a um executivo da empresa. 

Nós colocamos os gifs no Twitter. Ninguém tinha feito isso antes. Colocamos no Slack, o que também ninguém tinha feito antes. Continuamos colocando os gifs em todos os espaços possíveis. Tem Gifs no Outlook. Nossa missão era distribuir para todos os espaços, principalmente aqueles que ninguém ainda tinha chegado. E nós continuamos a fazer isso. 

O negócio é, todo mundo [do entretenimento] está batalhando pelo “prime-time”. Para a gente, essa é uma hora do dia fica de lado, a gente quer fazer e prover o conteúdo para as pessoas usarem no resto do dia. Nós pensamos que podemos “ter” essas outras 23 horas do dia.

Fonte: Entrevista à Fast Company em 3 de outubro de 2017

MORSE: Com esse plano de estar em todos os espaços de conversa, o GIphy acabou se tornando bastante popular nos aplicativos de mensagens. Como isso acabou se tornando uma forma de monetização para vocês?

Alex Chung: Estar nesse espaço abriu caminho para as marcas também entrarem nas mensagens privadas a partir da base de dados de buscas dos gifs, que está integrada nos serviços de mensageria.

Se você tem uma plataforma de buscas para mensagens, então você tem uma plataforma de ads para mensagens.

Se a marca está no search do Giphy, ela pode estar dentro dos apps de mensagem, ela pode aparecer primeiro quando o usuário busca na hora de mandar a mensagem.

Em termos de digital ads, achar o espaço nas mensagens foi como encontrar um outro planeta. Para as marcas, estarem nesse espaço é fazer parte da conversa com os usuários.

Fonte: Entrevista ao Adweek em 12 de fevereiro de 2019

Alex Chung: Enquanto os profissionais de marketing estão indo para redes sociais, a gente criou uma plataforma para a mensagem. Até hoje, não havia plataforma para ads nesse meio, por isso ninguém tinha conseguido monetizar esse espaço. E as mensagens tem mais usuários do que as redes sociais: há muito mais mensagens sendo trocadas no dia a dia do que posts em redes sociais sendo publicados. 

Fonte: Entrevista ao Cheddar em 6 de novembro de 2019

MORSE: Uma pergunta um pouco mais “filosófica” (já que você é graduado em filosofia, né, Alex?): por que os gifs, como formato, fizeram sucesso entre os usuários?

Alex Chung: O negócio é que onde você usa mais gifs é onde você usa mais verbos: na conversa. A teoria atrás dos gifs é que, percebemos que quando têm index dos verbos, é só entrar na conversa das pessoas.

Então fizemos um “roadmap” baseado na estrutura da conversa das pessoas. Primeiro tem as “apresentações”, ou seja “oi”, “olá”, “bom dia” a primeira grande onda de usuários do Giphy procurava exatamente por isso. Depois vem as expressões de como as pessoas estão, essa foi a segunda onda. Na terceira onda, as pessoas compartilham as experiências delas. E é onde chegamos.

(…)

A filosofia analítica já nos diz que as palavras limitam o nosso jeito de ver o mundo. O vocabulário nos limitam, e a gente precisa expandir o vocabulário. E é isso que os gifs fazem.

Fonte: Apresentação nas CreativeMornings NewYork em junho de 2019, publicado em 9 de agosto de 2019

Alex Chung: Os gifs são eficientes. É a maneira mais fácil e natural de se comunicar usando o léxico da cultura popular como o seu dicionário.

O que estamos fazendo é universal, então vemos muito uso internacional. Porque Hollywood distribuiu o entretenimento pelo mundo e porque a cultura americana é bem conhecida ao redor do planeta, os gifs acabaram centralizando esse tipo de informação e se tornaram chave para a comunicação entre pessoas. 

Fonte: Entrevista à revista Popular Science em 19 de abril de 2016

MORSE: Agora a pergunta de um milhão de dólares: afinal, como se pronuncia gif, com g ou com j?

Alex Chung: Você sabe, eu acho que essa é a pergunta que as pessoas mais me fazem. É um debate que acontece há 30 anos. Mesmo depois de sete anos trabalhando no Giphy, as pessoas ainda pensam que se pronuncia “Jiffy”. É tanto que, por lá, a gente tinha uma piada de nos unir com a Jif [marca norte-americana de manteiga de amendoim] para explicar as diferenças nos nomes e para explicar que Gif não se fala com J.

Fonte: Entrevista à Fast Company em 25 de fevereiro de 2020

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