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Ghost Interview

O legado de Kobe Bryant

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Desde domingo, o mundo está menos brilhante, um pouco mais triste, ainda em luto pela partida de Kobe Bryant. Aqui, resolvemos fazer uma homenagem e pegamos inspiração na vida empreendedora de Kobe para fazer um Ghost Interview um pouco diferente. 

Separamos algumas falas do ex-campeão (penta, inclusive) da NBA e (duplo) medalhista Olímpico, para mostrar como Kobe atuou no mundo de startups. Mas, mais do que trazer um compilado de entrevistas, a gente quer homenagear o legado do homem que foi muito mais do que um jogador, um atleta e um pai. Porque heróis vêm e vão, mas lendas são para sempre!

Kobe Bryant se aposentou em 2016 e logo criou um fundo de VC chamado Bryant Stibel. Mas a sua história em investimento começou em 2013. Aqui, ele fala um pouco de como foi o processo para sair do basquete e ir para o VC, e de como foi inspirado por um ‘colega’ nosso aqui do Ghost Interview, Jony Ive: 

“Eu simplesmente comecei a ligar para algumas pessoas que me inspiram, para entender como eles trabalhavam e quais livros eles tinham lido. Algumas das perguntas que eu fazia pareciam bem simples e um pouco bobas para eles, sendo honesto. Eu queria saber como eles construíram os seus negócios, como eles gerenciam as empresas e como eles viam o mundo. 

Eu falei com muita gente, na Nike, por exemplo, eu falava com o Mark Parker (ex-CEO da Nike) todo o tempo. Falei com Dan Wieden. Oprah Winfrey. Jony Ive. A lista é enorme, até mesmo a Hillary Swank.

Fiquei um dia inteiro acompanhando o Jony Ive na Apple, ele foi uma grande inspiração. O que eu queria saber dele é: o que o tornava único no que fazia? Como ele via o produto? Como era o processo de design? Todos estavam fazendo hardware, mas só Jony estava fazendo aquilo, e eu queria saber como ele via o mundo, e qual era o processo até o conceito sair da cabeça dele e chegar no produto final.”

 Fonte: Entrevista à Bloomberg em 22 de julho de 2014

Nesse processo, Kobe chegou a ficar na cola de Chris Sacca, um dos maiores investidores de risco dos Estados Unidos, de quem pegou referências e com quem conversou tanto, questionou tanto, que deixou o próprio investidor sem reação. Já em 2016, Kobe e Jeff Stibel criaram o Bryant Stibel, fundo de VC de US$ 100 milhões, já com empresas como Alibaba e Dell Tech no portfólio. Ele conta como o investimento se tornou a sua grande paixão:

“Eu descobri que investir é uma outra grande paixão minha. Não há sentimento melhor do que o de ajudar empreendedores a formar um negócio de sucesso ou a realizar o sonho de empreendedores. 

Daqui a 20 anos, eu espero ser lembrado por ter sido um grande investidor [do que ter sido um grande jogador de basquete]. Porque, veja bem, jogar basquete é sobre ganhar campeonatos, olimpíadas, e campeonatos vão e vêm. Vão ter sempre times diferentes ganhando esses prêmios. Agora, se é para criar algo que dure muito tempo, tem que inspirar a próxima geração a criar algo incrível, e então ela vai fazer o mesmo com a próxima geração. Assim você cria um ciclo eterno. E é algo maravilhoso.

Fonte: Entrevista à CNBC em 22 de agosto de 2016

E aqui, ele contou um pouco como usou o que aprendeu no basquete para recrutar pessoas – e investir em empreendedores:

“Desde os 13 anos até o final da minha carreira como jogador, o basquete foi a coisa mais importante para mim, então tudo que via na TV, lia nos livros, conversava com as pessoas era feito para que eu me tornasse um jogador de basquete melhor. Tudo. E quando você parte desse ponto de vista, o mundo se torna uma biblioteca para te tornar cada vez melhor como profissional. Porque quando você sabe o que está procurando, o mundo mostra isso. 

Eu não tirava férias, não tirava um tempo, estava sempre treinando. Na minha cabeça era bem simples, quando eu me aposentar, não quero me arrepender e pensar que deveria ter feito mais, que deveria ter jogado mais. Não queria isso.

(…)

Então quando procuro alguém para investir, para mim é bem simples, eu pergunto: você entende desse negócio, é um negócio que você pode ajudar de alguma forma, quais são as barreiras para esse investimento – e olho para os empreendedores em si. Procuro saber se a cultura da empresa é sustentável, se os líderes inspiram os funcionários. Procuro se os empreendedores têm essa obsessão e paixão pelo setor, e se criam essa cultura na empresa.  

(…)

Eu procuro pessoas obsessivas [pelo assunto], com base de conhecimento histórico, que entendem tudo da indústria e de como essa indústria pode mudar. 

Agora, para recrutar [um funcionário] eu pergunto: você quer ficar em primeiro lugar? Então vem comigo. Quer ficar em segundo? Pode ir para qualquer outro lugar.”

 Fonte: Entrevista para o canal Valuetainment em 23 de agosto de 2019

Em menos de sete anos, Kobe transformou os US$ 100 milhões em mais de US$ 2 bilhões, com 10 saídas e 18 empresas investidas – entre elas a Epic Games, criadora do Fortnite, e, sempre humilde, comentou sobre essa jornada:

“Em três anos pudemos ter decisões inteligentes, tivemos oportunidades e nos divertimos com os empreendedores. Até agora, focamos bastante nos empreendedores em si. É preciso ter um líder forte, até mais do que os retornos. A gente olha muito a relação que podemos criar com os empreendedores, e como podemos criar oportunidades deles crescerem. 

E uma das coisas que eu aprendi foi que precisa ter paciência [no mundo dos investimentos]. Estamos procurando por unicórnios o tempo todo, mas é importante ter paciência, ficar de olho nas empresas e entender o timing.”

 Fonte: Entrevista à CNBC em 19 de setembro de 2019

Kobe acreditava que ele deveria liderar pelo exemplo. E foi esse exemplo que ele viveu, da filosofia da “mamba negra”: sempre melhorar, nunca deixar de aprender. Para vocês terem uma ideia do que é essa filosofia – e de como podemos aprender com ela – leia o trecho dessa entrevista abaixo onde ele explica:

“Quando tinha 11 anos, eu passei um [campeonato de basquete de] verão sem marcar um ponto. Nenhum. Não marquei porque eu jogava muito mal. Mas eu queria pontuar muito, então comecei a treinar. Continuei treinando, treinando, treinando. No verão seguinte, eu voltei um pouco melhor. Não era muito melhor, mas eu pontuei. Por volta dos 14, eu já estava superando todo mundo. O que eu tive que fazer foi trabalhar no básico, treinar os fundamentos, enquanto os outros se apoiavam nas suas capacidades físicas e nas habilidades naturais. E como eu me apeguei aos fundamentos, eu superei eles. Eu era bom. E no final dos 14, eu me tornei o melhor jogador no Estado. 

Mas é simples, é pura matemática: se você quer ser um ótimo jogador, você joga todos os dias. No intervalo do ano a maioria das crianças jogava o quê? Uma hora por dia, duas vezes por semana. Se você treinar obsessivamente duas ou três horas por dia, por dois anos, você dá um salto quântico. 

Para mim, perder é excitante. Porque significa que você tem maneiras diferentes de melhorar. Tem certas coisas que pode descobrir, tirar vantagens. Certas fraquezas que estão expostas que você deve encobrir. Então é empolgante. Lógico que é ruim perder, mas ao mesmo tempo, tem respostas lá, que você deve observar.

As respostas estão lá na vitória também, mas você tem que olhar para elas. Então é um processo constante! É excitante quando você perde e quando você ganha porque o processo deve ser exatamente o mesmo, é você voltar e procurar coisas que deveria melhorar, coisas que você fez bem e deram certo, entender como e por que elas funcionam e como você pode fazer para elas funcionarem de novo. Mas a parte mais difícil é encarar essas coisas. Os erros que você cometeu naquele jogo, você tem que fazer a parte difícil: assistir àquele jogo, e estudar aquele jogo, para não cometer aqueles erros repetidamente. 

Você deve lidar com ele, deve lidar, encarar e aprender com ele.

Reassistia aos jogos inteiros que eu joguei.  E fiz isso com todos. Não como na televisão, mas como na arena. O aquecimento, os time outs, voltando a gravação, em slow motion. Cada coisa mínima, todo jogo da temporada. A Beyoncé faz a mesma coisa, ela volta para o laptop para reassistir a performance, para fazer o que poderia melhorar, o que poderia fazer diferente. 

Está no seu controle, então controle o que você pode.”

 Fonte: Entrevista ao canal de Lewis Howes no YouTube em 10 de setembro de 2018


To grow you have to constantly learn, constantly move, constantly improve, that’s key. That’s what makes life fun.

Kobe Bryant

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