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Enquanto o mundo digital está migrando das plataformas B2C para a B2B, há algo poderoso acontecendo no mundo dos serviços digitais que é a consolidação de serviços em um canal só – e, principalmente, em uma única assinatura – ou, como estão apelidando lá fora, o “Rundle”. É quase como assinar o Morse, que com um botão, você recebe três news completamente diferentes por semana…. Brincadeiras à parte, quem pode ganhar com isso são aqueles que, durante os últimos anos, quase ficaram “esquecidos” como meros meios para se chegar as aplicativos e conteúdos: os fabricantes de celulares e TVs. 

Run-what?

Rundle é, literalmente, a junção do termo “recurring revenue” (ou o clássico recorrente), com o termo “bundle”, que é o ato de juntar produtos em uma única promoção. Criado por Scott Galloway (o nosso Ghost da semana!), o termo serve para falar sobre um modelo de negócio de assinatura que consegue ter um valor médio mais alto – e oferecer, em retorno, um valor maior para o usuário. Nas palavras do próprio Scott “as empresas se confundem achando que dar escolha é algo bom. Os usuários querem menos escolha, mas ter mais confiança nas escolhas que são apresentadas para eles”. 

Apple First

O Bundle, obviamente, não é algo focado apenas em empresas Mobile tanto que um dos principais exemplos do modelo é a Amazon Prime – serviço de assinatura que começou apenas com a entrega mais rápida e depois se movimentou para acrescentar serviços de entretenimento, aumentou o preço anual nos EUA e, mesmo assim, continuou crescendo – mas, vejam bem, as fabricantes têm de tudo para serem vencedoras nele. Com uma base (fiel e considerável) de usuários, elas têm o poder de oferecer o crescimento vertical destas modalidades de serviço. É só olhar a Apple. A companhia tem investido em diversificar seu portfólio de serviços digitais e, desde o começo do ano passado, lançaram o Apple News+, o Apple Arcade, o Apple TV+ e o Apple Card. O resultado tem vindo de forma financeira: crescimento na casa de dois dígitos da receita da área de serviços, mesmo com a pandemia. Isso porque, para uma fabricante, lançar um produto desse é muito menos custoso do que um novo aparelho, sem contar no benefício colateral de que, uma vez lançado, o produto tem um poder que outros apps sozinhos não têm: uma base instalada de milhões de usuários que podem virar uma audiência de assinantes.  

Um novo acordo

O que nos leva a comentar sobre algo que está rolando agora entre Google e Samsung. As duas empresas estão reavaliando os seus acordos a pedido do Google. A dona do Android está disposta a pagar alguns bilhões de dólares a mais para que a Samsung faça a Bixby não ser o único assistente de voz  dos seus aparelhos, bem como para que a empresa dê menos espaço para a sua loja interna de apps. Lembrando que a Samsung, no ano passado, anunciou um botão físico em seus smartphones para acionar a Bixby. A resposta da Samsung ao Google, segundo a Bloomberg, foi um ressonante: “a Samsung se mantém comprometida com o seu próprio ecossistema e com seus serviços”. 

De volta…

A Huawei, que se tornou a líder em venda de smartphones no mundo no último trimestre, tem pensado em serviços digitais de uma forma mais ampla, já que ainda está impedida de usar a Google Play. Na última semana, a Huawei anunciou um serviço de cashback de 40% na AppGallery – sua loja de aplicativos. Os pontos podem ser usados para adquirir outros serviços dentro da sua própria AppStore, criando um ciclo de uso – e pensando em uma  novata no mundo das plataformas de aplicativo, é um jeito interessante de se manter a audiência. O interessante é que é uma via de mão dupla: os criadores de serviços digitais podem criar hardware: a ByteDance, mais conhecida como “dona do TikTok”, lançou seu próprio smartphone no ano passado na China. Começou com serviço, passou para hardware.

Turn on the TV

As televisões também são um caminho natural para o “Rundle”.  As pesquisas indicam que usuários estão dispostos a pagar entre três e quatro serviços de streaming por mês (o pessoal do Jovem Nerd fez essa conta e, apenas levando em conta os streamings que estavam ativos no Brasil no ano passado: seriam R$ 244 mensais para um usuário ser assinante de todos). O que começa a ser um desafio, já que, bem, são muitos concorrentes. Se une isso ao aumento de utilização das SmartTVs em detrimento aos aparelhos de TV Digital (como a  Apple TV), há aí uma oportunidade para a criação de uma “assinatura” única direto da televisão. Há uns meses, a Samsung fez um acordo com a Globoplay exatamente para oferecer o serviço em seus novos aparelhos automaticamente – até colocando o botão para o serviço no controle. Falando em controle remoto, está rolando uma briga lá nos EUA para saber quem poderá aparecer no aparelho – sério, a Walmart pediu para um fabricante de controles retirar os botões que levam ao Amazon Prime (pois: concorrência). 

Smart-coisas

Não faz nem dois meses que o Sonos, que fabrica smart-speakers, criou seu próprio serviço de streaming de música. Lembramos aqui do poder da Peloton, ao unir seus aparelhos de academia indoor com aulas de academia. Tem uma outra força quando um hardware se une a um serviço – ou, no caso do Rundle, com vários: o lock-in. Um objetivo de ouro quando falamos de usuários digitais…

Open your Mind!

E é esse o negócio aqui: a união do hardware ao serviço digital, entrando em marketplaces, é algo que pode mudar mais tipos de fabricante do que imaginam. Pensem nos carros conectados, por exemplo, o que impede as montadoras e marcas de criarem parcerias para oferecer, em uma única assinatura, o serviço de streaming de música, de microsseguro e, por que não, de pagamento de estacionamentos? Ou nos devices de health, o que impede de ali ser também um espaço para assinar vários tipos de serviço de exercícios digitais? Existe a demanda e, o principal, já existe uma audiência grande em potencial. É só ligar as duas pontas. E fica a pergunta: será o serviço que vai vender o hardware, ou o hardware que vai vender o serviço? Porque aqui, a ordem dos fatores pode sim alterar o produto.

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